Como fazer a alocação de seus recursos? | 2% ao Mês

Como fazer a alocação de seus recursos?

Essa pergunta não é fácil de responder e vai depender muito do perfil de cada investidor, da idade também, acredite se quiser! Esse tema chega a ser polêmico e alguns se exaltam defendendo suas teses, ou criticando as estratégias de terceiros. O que muita gente não sabe é que esse assunto já tem um tratamento acadêmico-científico e empresarial vasto e talvez esses estudos já apresentados sejam um bom ponto de partida para iniciar sua estratégia de investimento.

Dessa forma, um modo de iniciar a sua alocação de recursos é seguir, não totalmente, mas como um norte, a política de investimentos de grandes fundos de pensão os quais tem equipes enormes de economistas e especialistas do setor financeiro. Esses fundos publicam suas políticas de investimentos e através delas é possível verificar como as mesmas alocam seus recursos. Alguns relatórios são volumosos e contém muitas informações da economia nacional e mundial, sendo também um documento que proporcionará muito aprendizado.

Os fundos de pensão existem para garantir a previdência complementar de seus participante. Logo, é bastante reconfortante a idéia de alocar os recursos como os fundos de pensão o fazem, no entanto, na sua versão mais agressiva, pois, se a meta é alcançar os 2% ao mês, com uma estratégia muito conservadora, será muito difícil alcançar o objetivo.

Para começar a mostrar como alguns dos fundos de pensão alocam seus recursos faz-se necessário ter um conhecimento mínimo dos segmentos de investimentos existentes, os quais são: renda fixa; renda variável; imóveis; investimentos estruturados; investimentos no exterior.

Renda fixa - tipo de investimento que possui uma remuneração paga em intervalos pré-definidos e em condições pré-definidas. Exemplos: caderneta de poupança; certificado de depósito bancário (CDB); letras hipotecárias e; títulos públicos.
Renda variável - tipo de investimento que possui uma remuneração indefinida no momento da aplicação, podendo variar positivamente ou negativamente. Exemplos: ações; fundo de ações; commodities (ouro, moedas, petróleo); derivativos (contratos negociados na bolsa de valores).
Investimentos estruturados - também denominados de alternativos, reúnem os fundos de investimentos em participação - FIPS, em fundos de empresas emergentes, em fundos imobiliários e por último em fundos multimercados que possuem características próprias.
Investimentos no exterior - seria equivalente a investir em ações de empresas do exterior ou em fundos de investimento que tem ativos do exterior.
Imóveis - tem um fluxo de renda confiável, aluguéis, e valorização, no cenário atual a rentabilidade é baixa e tem pouca liquidez.

Abaixo, apresento uma tabela comparativa da alocação de três grandes fundos do país:

-PREVI (o maior do país, cujos assistidos são os funcionários do Banco do Brasil);
-PETROS (o segundo maior, cujos assistidos são os funcionários da Petrobras);
-PORTOPREV (menor em relação aos demais, cujos assistidos são funcionários da Porto Seguro).

Abaixo, demonstro uma outra tabela, que é extraída a partir da primeira, fazendo á média do mínimo e máximo para cada segmento de investimento e normalizando para que a soma fique em 100%. Pelo resultado apresentado na tabela abaixo, pela premissa descrita, o plano PETROS mostra-se ser o mais agressivo, pois, em média, 43% (31%+12%) de seu capital fica investido em segmentos arriscados, o plano PORTOPREV mostra-se ser o menos agressivo, com 20% do seu capital investido em segmento arriscado, enquanto o plano PREVI ficou na posição intermediária, com 31% (28%+3%) alocado em risco.

De acordo com o resultado apresentado, parece-me muito arriscado, alocar mais de que 50% dos recursos em ações, uma vez que o fundo mais agressivo, PETROS, indicou uma média de 43%. Na crise financeira de 2008, muitas ações reduziram sua cotação à metade do seu preço, você suportaria perder metade do seu patrimônio? Eu, não! 

A estratégia adequada, na minha visão, é começar de forma conservadora, na renda variável, com 15% no máximo e aumenta-se esse percentual, até o máximo de 50%, à medida em que percebe-se que suas operações estão rendendo bem, ou seja, que através das suas análises, sejam elas fundamentalistas, ou técnicas, o resultado alcançado se mostra consistente e isso deve acontecer, uma vez que ao longo do tempo, provavelmente, o "know-how" do negócio será adquirido.

Utilizando o limite máximo em 50%, você fica preparado para momentos de crise, preparado para investir em boas empresas as quais terão sua cotação reduzidas à valores muito baixos por conta do pessimismo que se instala que gera uma diminuição do valor de mercado sem, contudo, haver redução na mesma proporção de sua lucratividade. É bem claro que, após a "etapa pessimista", tais cotações irão retornar à patamares justos.

A outra parte do capital não aplicada em renda variável, uma sugestão é manter o montante referente a um ano de despesas em um investimento de alta liquidez, como CDB, para que você possa dispor dessa quantia em casos de condições imprevistas, como a perda do emprego. O restante, poderia ficar alocado em títulos públicos, ou em letras de crédito de prazo longo, os quais te proporcionarão um melhor rendimento, às vezes com garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), no entanto, com menor liquidez. 

Outra sugestão, são os imóveis, no entanto, estes tem um público alvo mais restrito, já que um apartamento novo de 60 m² e padrão médio custa, hoje em dia, a "bagatela" de R$200.000,00. Os fundos que investem em imóveis, investem no máximo 8%, então se seus 8% representam um apartamento de 60 m² e padrão médio, parabéns, você é detentor de R$ 2,5 milhões.

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